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Imortalidade
Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves
Estudar para conhecer, saber de alguma coisa que existe, está ali, mas não sabemos. Essa deveria ser a nossa meta. Ah, mas há tantas coisas que não sabemos... Será que faz diferença? Pode ser a distância entre o desespero e a felicidade. Kardec ilustra, no capítulo 1 (item 62) da Gênese, essa idéia com uma comparação interessante.
“Parte para destino longínquo um navio carregado de emigrantes. Leva homens de todas as condições, parentes e amigos dos que ficam. Vem-se a saber que esse navio naufragou. Nenhum vestígio resta dele, nenhuma notícia chega sobre a sua sorte.
Acredita-se que todos os passageiros pereceram e o luto penetra em todas as suas famílias. Entretanto, a equipagem inteira, sem faltar um único homem, foi ter a uma ilha desconhecida, abundante e fértil, onde todos passam a viver ditosos, sob um céu clemente. Ninguém, todavia, sabe disso. Ora, um belo dia, outro navio aporta a essa terra e lá encontra sãos e salvos os náufragos. A feliz nova se espalha com a rapidez do relâmpago. Exclamam todos: “Não estão perdidos os nossos amigos! E rendem graças a Deus. Não podem ver-se uns aos outros, mas correspondem-se; permutam demonstrações de afeto e, assim, a alegria substitui a tristeza.”
No caso, acreditar que todos estavam mortos representou a tristeza e o luto de muitos. Sabê-los vivos fez toda a diferença. Saber de algo que não se sabia mudou completamente a vida daquelas pessoas. Mas Kardec foi além com essa analogia, relacionando-a com o conhecimento sobre a vida após a morte:
“Tal a imagem da vida terrena e da vida de além-túmulo, antes e depois da revelação moderna. A última, semelhante ao segundo navio, nos traz a boa nova da sobrevivência dos que nos são caros e a certeza de que a eles nos reuniremos um dia. Deixa de existir a dúvida sobre a sorte deles e a nossa. O desânimo se desfaz diante da esperança.”
A construção da ponte entre a ignorância e o saber é obra de cada um, mas algumas coisas não dependem só de nós, para que possamos saber delas. Outras sim. Dependem de nosso empenho e esforço no estudo e reflexão.
Esse é o caso citado por Kardec, da Revelação Espírita sobre a imortalidade.
Tivemos a bênção da revelação, mas quanto precisamos ainda ler, refletir, analisar, relacionando-a com as idéias científicas já desenvolvidas, pensando com a lógica e a curiosidade sadia, para buscar a compreensão das leis que dão a base para a nossa vida?
Isso se aplica não só às nossas próprias pontes, mas às pontes que podemos ajudar a construir. Educar é, em grande parte, possibilitar que muitas das coisas já descobertas, reveladas, construídas, possam ser apropriadas pelos outros, para que se tornem não só conhecidas, mas vivenciadas. E isso se aplica a todo conhecimento e, claro, também ao da Doutrina Espírita.
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Original: Verdade e Luz, edição nº 265 – Fevereiro de 2008
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Federação Espírita do Estado de Mato Grosso – www.feemt.org.br
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Fonte:
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=340667
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