15 de jul. de 2006

50 Dia do Amigo e Amizade











20 de julho, dia do amigo
Antônio Moris Cury

Amizade = sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas, reciprocidade de afeto, benevolência, amor (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Michaelis, 1ª edição, 1998, Cia. Melhoramentos de São Paulo, página 132).

Amizade = sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual; entendimento, concordância, fraternidade; benevolência, bondade (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 2ª edição, 1986, Editora Nova Fronteira, página 106).

20 de julho é a data consagrada ao amigo. Depois de muita reflexão, associada ao decurso do tempo e, principalmente, às experiências vivenciadas, concluímos de repente, não mais que de repente, que a sabedoria popular, que é construída ao longo dos anos e fruto de agudíssima observação do dia-a-dia, está absolutamente correta: quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro! E que tesouro!

Referimo-nos, é claro, ao verdadeiro, afetuoso, benevolente, simpático, estimado, terno, fraterno, fiel e bondoso amigo, tal como se referem os dicionários aqui indicados a respeito da amizade, esta preciosa conquista que só se consolida com respeito e com fraterno amor, sempre.

Com efeito, só o veraz amigo é capaz de aceitar, com discernimento e compreensão e continuando a nos querer bem, os nossos defeitos e falhas, que são inúmeros e que nós mesmos só enxergamos em parte, quando conseguimos ter isenção suficiente e humildade bastante para perceber e admitir os nossos erros, males e equívocos.

Só ele, o autêntico amigo, é capaz de discordar de nossa opinião e de nossa orientação, com absoluta sinceridade, se entendê-las equivocadas, apontando outros rumos e apresentando novos argumentos, com o objetivo exclusivo de ser útil e de nos auxiliar, verdadeira, fraternal e bondosamente.

É ele, por igual, quem fica feliz quando alcançamos o bem-estar material, com trabalho, disciplina e esforço, e que será estendido à nossa família, assim como é ele quem vibra alegremente com o nosso progresso intelectual e, sobretudo, moral.

Por essas rapidíssimas observações, vê-se, assim, que poucos são os amigos verdadeiros, com os quais podemos contar nos momentos de dificuldade de variada ordem, de ansiedade, de angústia, de medo, de dor e de aflição.

Isto, porém, faz parte do processo evolutivo, a que todos estamos sujeitos, uma vez que o progresso é uma lei natural, que, como toda lei natural, é perfeita e por isso mesmo imutável.
O progresso do ser humano na escala evolutiva é lento e gradual, até porque depende, quando menos, de seu livre-arbítrio, máxime quando vive na Terra, um planeta de provas e expiações, de categoria inferior no Universo, em que não se pode esperar perfeição, conquanto todos os esforços devam ser direcionados para a busca permanente da perfeição relativa e da felicidade suprema, destino final dos seres humanos, através do auto-aperfeiçoamento, diminuindo e de preferência eliminando o orgulho e o egoísmo, as duas maiores chagas da humanidade, que insistem em nos acompanhar e prevalecer em nossas atitudes e decisões.

Essa, talvez, a razão principal de serem tão raros os amigos verdadeiros.

Não obstante, gostaríamos de enfatizar, com a veneranda e abençoada Doutrina Espírita, que o homem pode sempre contar com pelo menos três amigos, não encarnados.

Em primeiríssimo lugar, pode contar com Deus, nosso Pai Celestial, a inteligência suprema do Universo, Autor da Vida e causa primária de todas as coisas, soberanamente bom e justo, que não abandona a nenhum de seus filhos e que, de quebra, oferece todas as oportunidades de que necessitem para progredir, ajustando e reajustando contas, quitando débitos ainda que parcialmente, estudando e aperfeiçoando-se, aprendendo sempre neste educandário chamado Terra, no mínimo a viver em harmonia com o seu semelhante, preferencialmente em regime de respeito, consideração e fraternidade.

Em segundo lugar, o homem pode contar com Jesus de Nazaré, o Cristo, o ser mais perfeito que já esteve na Terra, modelo e guia da humanidade, nosso mestre e amigo de todas as horas, que nos legou ensinamentos definitivos, revelando sobretudo que o amor é a lei maior da vida, razão pela qual sentenciou, resumindo a lei e os profetas, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, com o que estaremos amando a Deus sobre todas as coisas, ou seja, aconselhando que façamos ao próximo exatamente aquilo que gostaríamos que ele nos fizesse.

E foi Ele, o Rabi da Galiléia, já naquela época, há quase 2.000 anos, quem deu a exata medida da importância e do extraordinário valor da amizade, ao dizer aos seus discípulos que: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (Jo, 15:15).

Por fim, o homem pode contar com o seu Espírito protetor, o seu anjo da guarda, pertencente a uma ordem elevada, cuja missão é a mesma de um pai em relação aos filhos, procurando guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições e levantar-lhe o ânimo nas provas da vida (questão 491 de O Livro dos Espíritos, a obra basilar do Espiritismo), vibrando quando haja acerto e lastimando quando haja erro nas decisões, que obrigatoriamente têm que ser tomadas pelo protegido, em razão de seu livre-arbítrio, com o que passa a ser por elas responsável, e naturalmente responsável pelas suas conseqüências. Não poderia ser de outra forma, uma vez que o anjo guardião não pode e não deve fazer a parte que compete ao homem.

Assim sendo, não fica difícil concluir que, ao contrário do que alguns pensam, nenhum ser humano está só!

(Jornal Mundo Espírita de Julho de 1998)
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