7 de ago. de 2009

Autopiedade é miopia

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AUTOPIEDADE É MIOPIA

Jean Oliveira

Infelizmente, é cada vez mais comum a gente encontrar na família, no trabalho e nos lugares que frequentamos, pessoas que parecem viciadas em ter pena de si mesmas. Às vezes, percebemos esta tendência ruim até em nós. Basta observarmos que, não raro, tapamos os ouvidos para os amigos para alugá-los com nossas histórias de frustração. Não falo aqui do desabafo emocionalmente bom, em que colocamos o que nos incomoda para fora, mas me refiro à tendência de nos acharmos mais coitados do que o outro.

Acabamos nos punindo com críticas constantes e ainda esperamos que o outro, a TV, uma música ou um vício nos redimam ou nos deem uma distração para fugir de nossa alma encarcerada. Fechamos-nos em pensamentos constantes que nos minam a alma e punimos os irmãos que nos cercam sendo pessoas mimadas, irritadas, inseguras e chatas. Não necessariamente nesta ordem, e muitas vezes, tudo junto e misturado.

Isso acontece porque a humanidade anda estrábica emocionalmente e por isso caímos diariamente ao chão das desilusões depois de tropeçarmos nos outros e em nós mesmos. Um dos olhos de nossa alma está sempre apontado para a felicidade e para a autorrealização, enquanto o outro acaba se distraindo com as frivolidades cotidianas. Uma parte da gente enxerga aquilo que podemos ganhar de real para sermos plenos em amor, segurança e fraternidade. A outra metade em nós está acostumada a ver os erros próprios com crítica corrosiva, os equívocos dos outros como um troféu e a violência cotidiana como normal.

A tendência à destrutiva autopiedade é o fruto nocivo deste vício pelo sofrimento. Ela floresce porque é grande a nossa aflição, nos dias de hoje, em relação ao tempo e aos nossos resultados pessoais. Na ansiedade de autoafirmarmos nossa existência por meio das conquistas espirituais e materiais, ampliamos nossa dificuldade de enxergar a vida como um suceder de fatos que tendem a nos levar à evolução sentimental. Assim, tropeçamos nas pedras do dia-a-dia.

O suco ruim que escorre desta fruta da autopiedade é que insistimos em adotar fraternalmente estes obstáculos e com eles alimentamos os sentimentos de impotência e frustração. Eles são nossa forma de autopunição psicológica com a qual procuramos preparar, o corpo e a alma, para a iminente reprovação daqueles que nos cercam e cuja opinião importa de verdade.

O que diferencia o homem do restante dos animais, no entanto, é sua capacidade de racionalização frente aos fatos da vida. Usar o cérebro para realizar tarefas complexas é a parte fácil e não exclusiva, uma vez que os chimpanzés e outros membros da fauna deste planeta também são capazes desta proeza. O que nos diferencia é podermos refletir, usar a própria história e dos irmãos para tomar decisões e, ainda, sabermos usar a passagem dos minutos, das horas e do dia a nosso favor. É o famoso dar tempo ao tempo.

Quando a alma parecer pesada, fuja da tentação da autopiedade. Deixe o estrabismo para perceber que a caminhada desta vida é para a superação do pensar no "eu" para nos enxergar no "nós". É aprendendo a amar a nós mesmos que vamos nos humanizar e entender que os erros são frutos desta experiência chamada vida. Coloque seus dois olhos naquilo que podemos ser a partir de hoje. Os tropeços que ainda teremos são pequenos perto da grandeza do que somos e podemos ser.
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Jean Oliveira é bacharel em Turismo, pós-graduado em Educação Ambiental e Recursos Hídricos e repórter da Folha da Região em Araçatuba - SP.
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Colaboração:
Daniela Marchi - Araçatuba-SP
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