13 de abr. de 2009

Um Toque de Ansiedade

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Um Toque de Ansiedade

A crise financeira deixou os investidores mais ansiosos do que o normal.

Um número ainda maior deles passou a acompanhar a cotação das ações da BM&FBovespa a cada minuto onde quer que estejam. Em janeiro, uma dupla de empreendedores colocou toda essa ansiedade ao alcance dos dedos.

O mérito é de Márcio Pissardo e Douglas Camargo, criadores de uma pequena startup chamada Livetouch. É deles a aplicação que permite consultar as ações da Bolsa brasileira a partir de um iPhone.

O excepcional desses empreendedores é que até novembro do ano passado não havia faturamento, nem cliente e nem mesmo produto. Nessa situação, conseguir vender de cara para um cliente que movimentou R$ 75,5 bilhões em janeiro é o sonho de todo empreendedor. A BM&FBovespa se tornou no ano passado a terceira maior Bolsa do mundo.

Agora o mercado quer saber o segredo da Livetouch.
E a empresa, sem passado para mostrar, é nada mais do que a história de dois sócios pouco comuns de se ver em uma startup.

O paulistano Márcio, por exemplo, conheceu o mundo da informática aos 15 anos, em 1975, depois que viu no mural da escola em que estudava o anúncio de um curso de mainframes dado pelo Bradesco. Depois de nove anos no banco, foi para a empresa de automação suíça ABB e de lá para o mundo das consultorias.

Douglas, apesar de 14 anos mais jovem, começou a programar com nove anos
de idade, influenciado pelo pai. Era o começo da década de 80, quando quase ninguém no Brasil havia visto um computador. Aos 14, virou programador de sistemas em uma imobiliária, na qual, quatro meses depois, assumia o departamento de informática. Dá para imaginar de onde saiu o comportamento precoce da startup Livetouch.
Douglas tinha 18 anos quando conheceu Márcio, com 32. Trabalharam no mesmo prédio em São Paulo, logo mais na mesma empresa e depois tomaram rumos diferentes até 2007, quando Márcio procurava uma inspiração. Ouviu falar do iPhone e mandou um e-mail para antigo funcionário Douglas, que também queria propor um negócio para o antigo patrão.

Juntos, embarcaram para a Califórnia onde seria lançado o iPhone 3G. Em junho do ano passado, lá estavam os dois no Worldwide Developers Conference, evento para desenvolvedores em São Francisco, última aparição de Steve Jobs, fundador
da Apple, em público.

Em cinco dias os dois aprenderam as "n" possibilidades do aparelho e decidiram criar uma startup focada em aplicações para o iPhone mesmo sem saber quando o equipamento chegaria ao Brasil.

Douglas propôs o nome Livetouch pelo fato de o toque (touch) ser a principal característica do iPhone.

Ao voltar; emprestaram uma salinha na empresa do irmão de Márcio e começaram a trabalhar. Márcio colocou o dinheiro e Douglas, o conhecimento.

Reformaram e montaram duas salas no décimo andar de um edifício comercial escolhido por causa da vista para o Vale do Silício brasileiro, com amplas janelas para a avenida das Nações Unidas (SP).

Passaram meses tentando prospectar clientes e imaginando o que poderiam fazer com o iPhone. As propostas foram colocadas em um prosaico documento no Word chamado de "Banco de Ideias", no qual até hoje anotam cada possível aplicação para o equipamento.

Após algumas tentativas por telefone, Márcio conseguiu marcar uma reunião com João Lima, da BM&FBovespa, no final de outubro. A simples chance de apresentar uma ideia na megabolsa parecia inacreditável até os dois sócios entrarem na sede da instituição na Rua XV de Novembro, no centro de São Paulo.

Eles entraram lá sem nada nas mãos a não ser um rabisco de como poderia ser uma aplicação para o mercado de capitais que rodasse no iPhone. Saíram sem muita esperança.
O telefone tocou, mais uma reunião, depois outra para apresentar o rabisco para outros executivos da empresa. O produto ainda no papel passava de mão em mão enquanto os executivos faziam perguntas e comentários. De concreto, os sócios mostraram apenas um similar norte-americano que tinha dado certo. Na terceira reunião o negócio estava fechado.

Márcio e Douglas fizeram outras reuniões até a última, em 20 de dezembro, já com o modelo pronto do que seria a ferramenta. Um dos diretores disse que se a aplicação fosse entregue rodando perfeitamente até 14 de janeiro poderia ser exibida aos jornalistas durante uma coletiva de imprensa. Douglas e Márcio aceitaram os 24 dias que lhes restavam como prazo.

De posse do acesso ao banco de dados da Bolsa, Douglas começou a escrever a ferramenta. Publicava em um endereço temporário o que fazia para o pessoal da Bolsa poder acompanhar e opinar.

De domingo a domingo, Douglas cumpria uma média de 15 horas de trabalho, fosse no escritório ou em casa.

Estudou as 160 páginas do manual de usabilidade da Apple, no qual havia desde o tamanho do botão para melhor atender o toque do usuário até como se vincular uma tela a outra. Seguiu à risca o manual. O tempo passava, chegou o Natal e, entre presentes e a ceia, Douglas continuou trabalhando. Na passagem do ano, continuou escrevendo códigos. Mais duas semanas se passaram e, no dia 13 de janeiro a ferramenta ficou pronta.

Os sócios não revelam o valor do seu primeiro contrato. Pouco importa, projetos como esse, contratados de pequenas empresas, não são caros. O que realmente importa é o resultado para a Livetouch.

A equipe cresceu e mais dois programadores foram contratados para desenvolver uma aplicação para o setor de nutrição. Felipe MeIo é o mais novo, entrou em janeiro.
Em uma startup todos assumem diversas funções e ele também faz o estudo de mercado e pesquisa, por exemplo, qual o público-alvo de cada ferramenta. Na primeira análise, Felipe identificou a possibilidade de atingir o público de metrossexuais em uma ferramenta desenvolvida para empresas de nutrição.

Mas Felipe também analisou quais eram os aplicativos mais vendidos da loja da Apple e o que leva uma aplicação a ser vendida. São 14 milhões de iPhones no mundo e o número continua crescendo.

Em seis meses a loja da Apple já oferece 15 mil aplicativos e já registrou 500 milhões de downloads feitos pelos usuários.

Márcio e Douglas olham ávidos para esse mercado em expansão e sabem que agora têm uma boa vitrine. Depois da entrega da ferramenta para a megabolsa algumas empresas ligaram espontaneamente para a Livetouch.

Márcio visita em média uma empresa por dia para mostrar o trabalho. Antes eram no máximo três por mês. Com menos de seis meses de existência os sócios esperam fechar o ano com um faturamento de R$ 500 mil. Mas pode até ser mais. Afinal, nunca se sabe quando outro megacliente vai topar uma reunião. EE
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Fonte:
Extraído da Revista B2B.
Abril de 2009
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Publicado em: Sinalpseslinks:
http://sinapseslinks.blogspot.com/
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Formatação:
Eudison de Paula Leal
eudisonleal@gmail.com
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