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Encontro de Almas
De: Edna Sbrissa
Para: ep-leal@uol.com.br
Data: 02/06/2007 17:41
Assunto: encontro de almas (parteII)
Prefácio:
Aos que me conhecem e aos que ainda não sabem, ser espírita não foi uma opção. Desde os 5 anos de idade tenho lembranças de outras vidas. Nos últimos anos elas se intensificaram, mostrando-me fatos e pessoas do meu dia-a-dia lá no passado. Histórias se repetindo, re-encontro de almas.Sou muito grata a Deus e a meus mentores, em particular a meu anjo de guarda a quem chamo carinhosamente de Fernandinho.
Estas lembranças fazem a minha vida hoje ter um significado cada vez maior.
Espero que estas histórias simples façam quem as ler entender que nossa vida realmente continua , e que as almas que amamos sempre estarão a nosso redor.
Beijos
Edna
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Encontro de almas (parte II)
Ela apertou a tecla “send” e ficou olhando para o nada.
Por alguns minutos tentou fazer o trajeto espacial, virtual daquelas palavras até chegarem ao destino: Santos. Apenas 60 km. Apenas segundos pela Internet.
Imaginou que se Eme estivesse “on-line”, já teria recebido, antes mesmo dela imaginar a serra do mar e as famosas curvas da estrada.
Com certeza era um ponto final! Agora, com certeza, Eme jamais voltaria a procurá-la!
Não estava arrependida, nem triste. Havia uma satisfação na verdade que ela teimava em não admitir! Uma revanche, uma vingança. Sentia-se tola por este sentimento mesquinho, mas se negasse, estaria apenas escondendo a verdade dela mesma.
Afinal era humana, pensou. As asas de anjo ainda estavam muitos séculos e re-encarnações à frente. Sorriu.
Pensou que de qualquer modo, se a mãe de Eme estivesse viva ela compreenderia, melhor do que ele, o porque de tudo aquilo.
Ela entenderia que amor de mãe deve avisar, prevenir. Eme precisava saber que a italiana tinha alma, que tinha necessidades, que também sabia amar e queria colo como ele, que nunca havia dado nada em troca de toda atenção, amor e carinho que recebera dela.
Está certo que sentimentos não se cobram. Que o verdadeiro amor nada exige em troca.
Por outro lado, ele sabia que ela era apaixonada e mesmo assim não hesitava em pedir colo, carinho e atenção na hora que precisava, sem se preocupar se isto poderia ser ruim para ela.
Sabia que ela poderia sofrer, que aceitava os encontros fortuitos só para poder estar perto dele, e mesmo assim, nunca hesitou.
Era justo que conhecesse a história do grego. Era justo.
O santista deveria saber que paixão era por ele, mas amor era pelo grego, e pronto, estava feito.
Aliás, avaliando melhor, ela amava os dois. Repassando as cenas em sua frente, sabia que eram amores diferentes.
Conhecera Eme “on-line”, dezembro de 2004, após o rompimento trágico com Mateus.
Imaginou por meses a fio que nenhum homem neste mundo a faria sentir qualquer amor, aliás, qualquer sentimento que não fosse repulsa depois de tudo que passara com seu último marido.
Quando conheceu Eme seu coração disparou, quando ouviu pela primeira vez sua voz, foi uma emoção!
Estou curada, pensou! Posso novamente amar!
Isto era uma benção, e ele, Eme era totalmente responsável por sua recuperação!
Depois vieram os encontros na praia e a sensação de que ele era quase perfeito...
Sempre há um quase separando as pessoas da perfeição!
Eme deixou claro que não queria se envolver. Que, após o casamento conturbado dele, jamais se comprometeria com ninguém, e ela só poderia mesmo ser uma companhia eventual.
Ela não gostou. Questionou, brigou, e desistiu...
Pelo menos foi pouco tempo! Só 2 meses...
Os e-mails terminaram, os recados, os telefonemas... sem palavras, sem despedidas..
Apenas se afastaram.
Em maio de 2005 conheceu o N. e namorou até novembro.
Neste período, não se comunicou com Eme, mas sua caixa postal ficava,muitas vezes lotada de recados dele, recados para toda a lista, nada pessoal e alguns ela só leria mais tarde, dois anos depois.
Em dezembro de 2005 voltaram a se falar por e-mails e juraram amizade eterna. Ela dizendo que os melhores e-mails que recebia eram dele e ele dizendo que ficava sempre esperando os comentários dela. Quando os lia, a sentia mais próxima.
O tempo passou.
Em maio de 2006 houve o re-encontro com o grego , que a marcaria para sempre.
Em julho, conversando com ele, o grego, percebeu que Eme estava “on line”.
Depois de 17 meses, ela o encontrava novamente ali, do outro lado da tela.
O santista a chamou. Precisava urgentemente de cuidados médicos, disse-lhe.
Estava saindo de uma gripe, mas com problemas do coração!
A italiana pensou que não haveria mal algum em dar-lhe colo, pois apesar de seu coração estar na Grécia, Santos era bem mais perto!
Imaginou que fosse só uma carência passageira do santista, embora meses mais tarde, concluísse que ele estava saindo de um caso mal resolvido.
Foi. Só visita médica, pensou. Sem compromisso. Foi ótimo.
A melhor noite dos dois, sem dúvida. Estavam com saudades. Muitas saudades. Afinal, aquela química é uma coisa rara!
Talvez única. Senão única, certamente rara para ambos.
O mais importante é que não haveria amanhã.
Ela não esperaria ele telefonar. Nem queria.
Não tinha entregado seu coração como sempre.
Estivera só de passagem.
Depois veio a decepção com o grego.
Nada parecia dar certo.
As questões do coração para a italiana eram realmente difíceis.
Em outubro, o susto. Eme colocara na rede, talvez para toda a lista. Quem sabe só para avisá-la. Estava apaixonado. Encontrara, segundo suas próprias palavras, a mulher madura que procurava.
Os olhos da italiana marejaram. Então, aquela história de não querer se envolver era só com ela.. Ele queria uma relacionamento estável..não com ela. Ele estava feliz. Como não aceitar?
Percebeu que realmente o amava, de alguma forma. Ficou feliz por ele. Torceu para que finalmente ele se realizasse neste relacionamento. É muito bom ver as pessoas que amamos felizes, ainda que longe de nós. Sim, este é o verdadeiro amor, pensou ela.
Veio dezembro e com ele a reconciliação com o grego e as promessas de amizade e outros encontros.
Fim do ano de 2006. Ela foi pra Santos. Reveillon com a família. Arriscou avisar Eme. Quem sabe não ficava amiga da tal mulher que o conquistara. Tudo em família.
Sentia que não queria perdê-lo de vista.
Em janeiro a surpresa. Encontrou o santista no site de solteiros.
E a sua mulher madura? Perguntou ela. Ilusão! Respondeu ele.
- Tudo só ilusão. Estou sofrendo muito, deprimido, sozinho.
Imediatamente seu instinto maternal despertou. Isto era uma droga, pensou a italiana.
Deus deveria colocar nas mulheres um botão, pra elas poderem desligar este tal instinto nas horas precisas.
Esta era uma destas horas.
Instinto maternal pelo santista era sofrimento à vista.
Ele a chamaria, ela iria. Desta vez pra ouvi-lo falar da outra. Porque não evitou? Aliás, porque insistiu? Para que ver fotos, cartas e ver seu querido Eme ali, derrotado?? Barba por fazer, emagrecido, cabelos mal cortados. Horrível!
Este tal de livre arbítrio funciona mesmo. Escolhemos sofrimento. E alguns totalmente inúteis.
A italiana estava pensando nisto, lágrimas correndo e subindo a serra de Santos! Desta vez era realmente o fim! Para que?
Era a hora de deixar Eme pra trás. Nem sabia ao certo porque chorava. Sentiu vontade de falar com a mãe dele. Quem sabe no centro que ela freqüentava. Durante os trabalhos espirituais.
Ela queria entender. Pediu muito para a mãe do santista.
Que ele pudesse ser orientado. Ele queria um clã! Afinal, havia percebido que a vida de aventuras não o levaria a lugar algum. Queria fazer parte de uma família. Mas, porque a rejeitava?
Porque não dar uma oportunidade a eles dois ?
Fácil, diria sua irmã. Ele se apaixonou pela outra e não por você! Óbvio, tão claro! Mas a italiana queria explicações.
Se assim era, porque ele a chamara? Porque dizer que a única pessoa confiável naquela hora era ela?
Porque sentia tanta vontade de dar-lhe colo?
Passou quinze dias matutando. Deveria haver uma explicação. Chamava sempre pela mãe dele, em preces.
De repente, durante o trabalho no centro espírita, viu o Eme à sua frente e ele foi se transformando em um lindo bebê, no seu colo.
Ouviu o mentor do trabalho dizer: ele foi seu filho, por isto aconteceu desta forma! Precisa libertar-se e deixá-lo seguir.
Claro! Este era o sentimento! Mãe! Ele a via assim também.
Muito amor, mas não pra companheira, só para colo!
Poderiam ter tentado. Quantos casais não passaram por esta experiência em outra vida? Havia uma ligação profunda, porque não?
Ele também não era o que ela procurava, pensou. Só química não mantém uma relação! Havia pontos nele que a incomodavam muito.
Percebeu que ele era realmente um outro filho. Aliás, como os outros. Procuravam pela mãe na hora do aperto. Depois voavam para outras paragens. Ficou aliviada. Parou de chorar. Seu coração ainda estava na Grécia. Não havia mais confusão. Amava o grego e era apaixonada pelo santista, como toda mãe.
Com certeza seu coração queria contar a história para Eme.
Ele entenderia? Acreditaria na sua versão de maternidade? Não!
Não falaria nada! A não ser que ele voltasse a pedir colo!
Desta vez, seria só colo! Não haveria outra vez.
Ela não podia mais dar-lhe colo. Não desta forma.
Conseguiriam algum dia ter um outro relacionamento?
Aguardemos, disse-lhe Eme, no último e-mail, fugindo do namoro que ela lhe propusera, aguardemos.
Ela aguardava.
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