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Cerveja
Acha brega beber cerveja de canudo? Os egípcios não.
A bebida alcoólica mais consumida do mundo, inclusive no Brasil, pode ter seus melhores mestres e receitas nas abençoadas terras belgas, tchecas e alemãs. Mas não foram os europeus os inventores da cerveja.
Talvez ela, na época, não fosse a melhor coisa do mundo, mas as primeiras referências à bebida são de lá mesmo, do Egito. Era cerveja de manhã, no almoço não faltava e a ração diária dos trabalhadores egípcios sempre tinha uma dose de cerveja.
Pois é, beber no trabalho não era demissão por justa causa como nestes nossos dias. Era uma manifestação cultural, necessidade diária na alimentação.
No Egito, existiam algumas variedades de cerveja produzidas a partir do trigo.
As mais conhecidas eram a heneket, feita em casa, e a seremet, que tinha um teor alcoólico maior em função da adição de tâmaras durante a fermentação. A serenet deveria fazer parte da mesa dos mais abastados e da realeza.
Além de tâmaras, outros ingredientes podiam ser adicionados aos diversos tipos de cerveja, tais como gergelim, tremoço, figos e mel. Segundo alguns pesquisadores, as cervejas produzidas atualmente no Sudão são “descen- dentes” daquelas fermentadas no Egito faraônico.
Essa antiga cerveja era feita a partir de um tipo de pão, normalmente à base de trigo, que era levado ao forno por pouco tempo e depois transformado em uma pasta branca com adição de água misturada a, provavelmente, mel. Essa massa ficava em vasos por diversos dias a fim de completar a fermentação. Provavelmente neste ponto da fabricação outros ingredientes eram inseridos na mistura.
Eram necessárias várias filtragens para eliminar todas as partes sólidas e, isso feito, depois de um tempo a cerveja estava pronta para ir à mesa de todos. Inclusive do faraó.
A “bebida da felicidade” era tão venerada que há referências dela em alguns mitos. Em um deles, a deusa Sekhmet foi embriagada com 7 mil cântaros (uma espécie de vaso) coloridos de vermelho que imitavam sangue. O objetivo era impedi-la de continuar massacrando os seres humanos.
Para os muitos amantes de plantão da cerveja que devem estar se imaginando com uma rainha egípcia em uma mão e um copo na outra, saibam que não era um paraíso. A cerveja do Egito faraônico provavelmente tinha teor alcoólico menor que as atuais e sem dúvida não era tão encorpada. Além do mais, sabe-se lá qual era o sabor dela, que era servida à temperatura ambiente. Sendo que o ambiente, no caso, era um deserto.
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Autor:
Julio Gralha, 45 anos, é professor de História Antiga, Medieval e de Rio de Janeiro. Formado pela UERJ, mestre pela UFF e doutorando pela Unicamp, é também professor colaborador do NEA-UERJ
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Colaboração: Ricardo Leão – São Paulo-SP – Brasil
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25 de abr. de 2007
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