17 de jul. de 2006

66 Maria de Magdala












Maria de Magdala

Maria de Magdala ou Maria Madalena, como bem coloca Emmanuel, estava na Terra há muitos milênios. Maria de Magdala sempre fora uma mulher extremamente bela, traente, sensual e à frente de seu tempo. E ela, então nascida Myriam (em Hebreu) que raduzido é Maria, na cidade de Magdala, belíssima mulher e pertencente a uma família nobre, torna-se uma cortesã de fama em toda a Palestina.

Escravos de sua beleza, homens como: sacerdotes do Sinédrio, príncipes, membros ricos da sociedade local, comerciante de posse, todos vinham lhe prestar homenagem caindo aos seus pés, e fazia disto a sua poderosa arma.

Madalena vivia em uma casa grande e rica à beira do Lago Tiberíades, ao sul de Kafarnaum, cercada de um séqüito de admiradores, escravos e falsos amigos. Entretanto se sentia feliz e vitoriosa.

Portanto, foi nesse ambiente que Maria de Magdala, a mais famosa cortesã de Jerusalém ouvia falar pela primeira vez de Jesus de Nazaré. A cidade só falava dele, da mesma forma todas as outras cidades da Palestina, dos seus feitos, curas e pregações. Quem seria este homem simples e puro que se intitulava Filho do Pai, que fora enviado para cumprir uma missão muito importante, que seria a de salvar o mundo. De acordo com as palavras do senador Públio Lentulus (posteriormente chamado de Emmanuel) a César, ele era um homem muito belo, tinha os cabelos da cor de fogo, partido ao meio, à moda dos Nazarenos, pele clara, barba espessa e também partida ao meio, de estatura elevada e suas maneiras calmas. Vestia-se pobremente e geralmente andava descalço.

Madalena não se conteve. Estava vivamente interessada em conhecê-lo, mas, principalmente sua vaidade que era muito grande, levou-a a procura-lo, particularmente para envolve-lo e testa-lo, porque diziam que ele era casto.
Madalena queria provar a quanta era poderosa e fazia vergar governadores, reis e até os sacerdotes do Sinédrio, a casta mais importante daquela época.
Portanto, somente a curiosidade levou-a a procurar Jesus.

Quando soube que Jesus estava em Jerusalém para suas pregações e curas,
vestiu-se magnificamente e se dirigiu até o local onde Ele pregava. Ele estava na casa de Simão Bar Jonas, um rico rabi fariseu que lhe oferecera uma ceia. Jesus percebeu logo que se tratava de um convite com outras intenções, porém, aceitou-o e, à hora marcada compareceu à sua casa acompanhado de seus discípulos.

Simão por sua vez, convidou amigos influentes da cidade, inclusive alguns doutores da lei, isto é, pessoas eruditas, conhecedoras a fundo da Thorá. Conhecendo a fama do profeta Galileu, dos seus atritos verbais com os fariseus de outras partes e, certamente cumprindo as instruções do Sinédrio, no sentido de acumular provas contra Jesus, valia-se Simão, da oportunidade magnífica para obter vantagens, comprometendo-o ante as testemunhas de indiscutível idoneidade.

Assim, sabendo que Jesus não se atinha a formalidades e aos ritos de purificação pessoal, deu ordens a seus escravos para que a todos os convidados oferecessem água para as abluções usuais, menos a Jesus; e assim foi feito. Em seguida, mandou apresentar-lhe os pãezinhos de costume, envoltos em pano alvo de linho e todos se escandalizaram por ver Jesus parti-los assim mesmo, sem lavar as mãos, ou reclamar contra essa falha da hospedagem. E então começaram a interpela-lo sobre isso, respondendo Jesus que “não é o que entra pela boca que faz dano, mas o que dela sai” e, da mesma forma, com sua indiscutível superioridade moral, interpretava os textos que eram postos pelos interrogantes, uns em seguida do outro sem interrupção.

De repente, verificou-se um tumulto à porta da casa, onde se aglomerava o povo e onde também estavam, juntos, os discípulos, que não tiveram autorização para entrar na sala do banquete; e logo em seguida, afastando os criados que tentavam detê-la, penetrou no recinto uma mulher jovem e bela, vestida de panos de cores diferentes e olhando em torno, com evidente desprezo para os demais convidados, localizou Jesus que se achava um tanto afastado dos outros e, reconhecendo-o, atirou-se a seus pés, chorando.

Seu olhar deu com o do Mestre e algo muito importante aconteceu dentro dela. Ela sentiu uma sensação de que já o conhecia de muito tempo e o sentimento carnal que a levara até ele, se desfez para dar lugar a um profundo amor e respeito por aquele que vinha salvar toda a humanidade. Num relance, Madalena percebeu que os pés do Mestre estavam sujos de pó dos caminhos, sem terem sido lavados e compreendeu logo o que se passava naquela sala. Sim ele andava descalço e imediatamente pediu uma bacia com água, banhou seus pés e enxugou com os seus próprios cabelos, derramando depois sobre eles, de um frasco que trazia ao pescoço, óleo perfumado que as mulheres elegantes daquela época usavam.

Os outros convidados murmuravam que Jesus estava aceitando gentileza de uma cortesã e ao perceber o que pensavam todos, ele disse:

“Simão, tu me convidaste a esta ceia com o propósito oculto de verificar a minha conduta e as minhas palavras, e convidastes amigos teus para testemunhos do que fosse dito ou feito, comprometendo-me. Mesmo assim aceitei teu convite; vim até à tua casa e tu não me mandaste dar água para lavar as mãos e pés, como é costume e como fizeste com os demais convidados.
Com isto, obrigaste-me a partir o pão sem lavar as mãos, como também é de praxe e nada reclamei. E vem agora esta bela mulher e me lava os pés com suas lagrimas, unge-os com perfume, enxuga-os com seus cabelos. Apesar de sabe-la pecadora, aceitei também a sua homenagem. Não me importa o passado desta mulher e sim o que está em sua alma e coração. Sua atitude demonstra amor e humildade, o que você não demonstrou até agora”.

O olhar de Jesus para Maria de Magdala era firme, amoroso e sereno e o dela, já transformado, emanava somente coisas boas, puras e uma imediata mudança interior se fez sentir. Começava ali sua REFORMA ÍNTIMA. Em seguida, para maior decepção do rabi fariseu, Jesus dirigindo-se à Maria de Magdala, disse-lhe:

“Levanta-te filha, teus pecados são perdoados. Vai em paz”.

Em seguida Jesus retirou-se da casa de Simão, indo hospedar-se na casa do publicano Jochnan, amigo de Levy, onde foi acompanhado pela multidão que estava na rua. Jesus ficou grato a Maria de Magdala e disse que vinha ensinar aos simples e ignorantes, porém, puros de coração. Desse momento em diante, algo dentro foi mudando e se transformando. Jesus dizia que era preciso amar o seu próximo como a si mesmo e perdoar não sete, mas setenta vezes sete e quem quisesse segui-lo deveria se desfazer de bens materiais e fortuna, porque eram necessidades do corpo físico e ele estava mais preocupado em que os seus seguidores aumentassem o seu patrimônio espiritual. Falou lindamente sobre o amor, amor ao próximo, ao Pai Maior, à
sua casa, à sua cidade ao seu país, à sua terra e, finalmente, amor a si mesmo. Ensinou também que é muito mais importante servir do que ser servido e, todo aquele que assim o fizesse, entraria o reino dos céus. Falou da paciência, tolerância, bondade e caridade.

Ali no chão, operou-se definitivamente naquela mulher livre, linda e extremamente materialista e cheia de paixão carnal, uma mudança radical.
Maria de Magdala ficou completamente cativa de suas palavras e do conteúdo
que elas encerravam. Ficou pensando que nada daquilo que ela tinha valorizado até o momento, realmente tinha algum valor. E Jesus percebendo o seu olhar intenso, disse:

“Maria, eu estava esperando por você há muito tempo. Vem e segue-me”.
-Mestre, mas eu sou uma prostituta.

-Todo aquele que se acomodou com os bens e prazeres materiais, em detrimento
dos valores espirituais, prostituiu-se de algum modo. Mas mesmo assim o Pai nos espera com os braços abertos “.

E Maria de Magdala, sentindo a força fluídica daquele olhar penetrante e o poder magnético de suas palavras, sentiu os olhos transbordarem de lágrimas e, caindo de joelhos, disse:

-Eis-me aqui Senhor, que queres que eu faça?

-Quero que me auxilies a semear a boa semente do amor e do perdão nesta imensa seara que o Pai me confiou. Há muitos que como você, vivem equivocados pensando que os prazeres da carne são a mais alta conquista alcançada pelo homem. Quero que me ajudes a quebrar esse mito.

E desse dia em diante, deixou para trás seu palácio, suas roupas, seus criados, todo o luxo que a rodeava e partiu para seguir e praticar os ensinamentos de Jesus, acompanhando-o em todos os momentos de sua vida, sendo uma das poucas mulheres que presenciaram o hediondo sacrifício do Calvário.
Sua humildade era tanta que chegava a provocar lágrimas.

Quando Jesus foi preso e crucificado, Maria de Magdala não arredou pé daquele lugar e ali ficou até que o corpo de Jesus fora retirado e colocado
no sepulcro, fechado por uma grande pedra. Seu sofrimento era tão intenso que seria muito difícil descreve-lo com palavras comuns. Ninguém poderia reconhecer naquela mulher pobremente vestida e alquebrada pela dor, a prostituta mais poderosa de Jerusalém. Sua transformação fora completa por dentro e por fora.

Maria de Magdala ficou em frente ao sepulcro durante toda a madrugada e,
portanto, foi a primeira a ver quando Jesus dele saiu em corpo perispiritual e a ela em toda a sua majestosa integridade e ela, aos prantos, caiu de joelhos chorando. Jesus pediu a ela que fosse e contasse aos outros apóstolos que ele estava vivo.

Ao chegar na casa onde estavam reunidos os discípulos de Jesus, todos meio perdidos e cabisbaixos, pois haviam perdido o seu líder espiritual, ela contou que Jesus estava vivo e nenhum deles acreditou nela. Principalmente TOMÉ que precisou ver para crer. E segundo Jesus, feliz é aquele que acredita sem precisar ver.

Nesse mesmo dia, Jesus apareceu para eles todos, deixou instruções para que seus ensinamentos fossem passados a todos e essa seria agora a missão dos apóstolos. Perpetuar os ensinamentos deixados por Ele. Sentou-se à mesa com todos e participou da alegria da RESSURREIÇÃO. Apareceu ainda durante por mais 40 dias em vários lugares simultaneamente e após esse prazo, sucedeu a Sua Ascensão.

Após esses acontecimentos, narram velhas anotações espirituais que, depois da Ascensão do Senhor, quando os discípulos partiram para o ministério, Maria de Magdala ficou em Kafarnaum, numa praia. Á hora em que Pedro se despediu, ela pediu-lhe: - Leva-me contigo.

-Não posso Maria! Tu és mulher e a mulher é frágil. Eu temo por ti, és belas, as marcas do vício ainda enegrecem tua alma. Perdoa-me, mas eu não posso levar-te.

Ela compreendeu. Pedro se foi no rumo de Jope, onde ergueria a CASA DO CAMINHO. Ela ficou pelas praias, procurando ver que norte daria a sua vida.

Saiu a pedir oportunidade de trabalho, nas grandes mansões. Mas a sociedade paradoxal de todos os tempos que combateu os vícios, não ajuda o viciado a fugir dele; reage contra o crime, mas não concede ocasião ao criminoso de liberar-se...Assim, aconteceu com ela. Aqueles que antes combatiam a mulher decaída, diziam-lhe:

-Pedes oportunidade, tu que desgraçastes nossa família! Vai viver com os miseráveis da tua laia; volta ao prostíbulo, os homens ainda esperam por ti.

Permaneceu por três dias a mendigar. No terceiro dia viu andando pela praia, um grupo de infelizes que se aproximaram e perguntaram-lhe:

-Onde encontraremos Jesus de Nazaré? Somos leprosos da Síria, ouvimos falar dos seus dons e estamos a sua procura.

-Chegastes tarde demais, Jesus partiu e com ele todas as nossas esperanças.
Mataram-no. As mulheres sentaram e se chocaram com a noticia. Maria de Magdala tentando consola-las elucidou-as:

-Ele se foi, mas nos deixou sua mensagem.

Falou-lhes docemente de Jesus. Nunca se houvera atrevido antes.
Contou-lhes como ocorrera sua própria conversão, como saíra do pântano e quanto agora desejava tornar-se um lago para refletir a estrela luminosa daquele que viera ao mundo para trazer o Reino de Deus. Eles a ouviram emocionados, escutaram-na durante o dia e sob a escuridão da noite. Mas, pela manhã, as autoridades locais vieram expulsa-los, para seguirem ao Vale dos Imundos, em Jerusalém.
Eles agradeceram e partiram. De repente, Maria de Magdala, sentiu-se tão só, tão sem família que correu em direção do grupo e os abraçou. Partindo para o Vale dos Imundos, por 10 anos cuidou dos leprosos. Todo o final de tarde, subia em uma pedra e iniciava sua pregação: Vós os leprosos...e falava-lhes de Jesus.

Um dia banhando-se em uma cascata, ao olhar o antigo e formoso colo, ela percebeu que pousava no seio, uma pétala descolorada de rosa, curiosamente tocou a mancha que pareceu insensível...Tomou de uma pedra e cravou-a, mas não sentiu nada. Maria, a antiga meretriz sorriu. Naquela tarde, pela primeira vez ao discursar, abriu os braços e começou: - Meus irmãos, nós os leprosos, pagaremos no corpo os erros que no corpo cometemos.

Na década de sessenta, envelhecida e com o corpo debilitado, sem os dentes e os cabelos brancos, sentiu que ia morrer e pede para visitar Maria de Nazaré, mãe de Jesus que vivia na casa de João o Evangelista na cidade de Éfeso. Como a
viagem exigiu muito, Maria de Magdala ao perceber que estava as portas de Éfeso, não suporta a emoção e perde os sentidos, sem nunca mais os recobrar.
Depois de três dias de delírios, sentiu-se repentinamente expulso do corpo, na praia onde encontrara os leprosos da Síria e, sua aparência era de quando jovem e bela. Nesse momento vê caminhar sobre as águas a figura de Jesus que lhe disse:

-Vem Maria, já atravessaste a porta estreita. Todos os seus pecados estão perdoados porque muito amaste e muito sofrestes. Eu estava a sua espera.
Agora dorme. Eu te elejo para que venhas ao meu reino! Ela adormeceu nos braços de Jesus.

Após essa encarnação, Maria de Magdala ainda teve outras encarnações, até chegar a encarnar pela última vez como Madre Teresa de Ávila (Santa Teresa de Jesus) cujo nome verdadeiro era Teresa de Cepeda Y Ahumada, uma revolucionaria religiosa nascida na Espanha em 1515 e falecida em 1582.
Teresa foi canonizada em 1622, 40 anos após a sua morte. Maria de Magdala finalmente havia conseguido seu total resgate espiritual.



Bibliografia:

Perdôo-te - Amália Domingo Soler pelo espírito Edualdo Pagés
O Redentor - Edgard Armond
Laços de Família Divaldo Pereira Franco e Autores diversos
Evangelho Misericordioso - Paulo Alvez de Godoy – FEEP
Ano 1 Informativo nº 011
São Paulo – 2004
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