14 de jul. de 2006

66 Espírito Palminha













Palminha

O Espírito Palminha

Com o auxílio da mediunidade do Fábio não se materiali. zaram apenas os espíritos que se materializavam pelo Peixotinho. Outros surgiram, com personalidade absolutamente autônoma e diferente. O médium Fábio, embora não seja um triste, é pessoa de poucas palavras, sério e meditativo. Raramente se expande em brincadeiras espalhafatosas e parece até que não tem jeito para isso.

O espírito Zé Grosso já é uma personalidade bem diferente do Fábio: ligeiramente brincalhão, improvisando quadras notáveís, dando respostas surpreendentes, é um misto de intelectual e de caboclo, de poeta nordestino e de cristão primitivo. Tem a faculdade da aproximação .carinhosa e do respeito severo. Fiquei conhecendo porém, nas reuniões do Fábio, em casa do Jair, um novo espírito materializado: o Palminha.

Esse nome lhe foi colocado pela própria, assistência. Este espírito tem o hábito de sair da cabina dando gritos agudos e altos: Boa noite! Boa noite!

A saudação, embora gritada, e por isso mesmo, arranca gargalhadas gerais, e de tal modo o consegue que quando chega no meio do salão, todos os assistentes já perderam o medo (se por acaso houver alguém com medo) e estão à vontade.

O Palminha vai saudando um por um e dizendo os nomes:
- Você tá bão, Márcio?
- Você tá bão, João?
- Você tá boa, Laurita?
E assim por diante.
É uma personalidade absolutamente diferente do espírito Zé Grosso e absolutamente diferente do médium Fábio.

É fabulosamente espalhafatoso e gosta de brincar de "agarrar" os assistentes.
É uma dessas ruidosas reuniões com o Palminha que tentarei relatar, certo de que ficarei noventa e nove por cento aquém da realidade, porque por mais que eu descreva não poderei revelar o que houve de indescritível, de assombroso nessa reunião.
Os trabalhos foram abertos como de costume e diversas entidades haviam-se materializado e já se haviam retirado. Zé Grosso viera até a assistência, conversara, brincara e respondera às nossas indagações com a sua habitual sabedoria e humor.

Essa reunião fora dedicada às crianças e havia no recinto umas seis crianças, entre elas o Edgar e o Ed, filhos do Jair.

Não era propriamente uma reunião para adultos. Aliás, isto também me parece fato novíssimo nos anais espiritistas brasileiros e mundiais: reunião de materialização para as crianças. Os véus do outro mundo, as sombras terrificantes dos chamados "mistérios" caem diante dos meninos que entram em contato com as entidades do Além, aprendendo assim que o sobrenatural é naturalíssimo e que tudo é simples, sem complicação alguma. A iniciação, que era permitida nos tempos antigos somente a determinados indivíduos que se submetiam a duras provas, é, no nosso tempo, cumprindo a promessa do Cristo, oferecida às próprias crianças, e então verificamos o quanto é verdadeira a expressão do Mestre: "Deixai vir a mim as criancinhas que delas é o Reino dos Céus."

Deixai vir a mim os que estão sem luz, que eu os iluminarei. Deixai vir a mim todos os que têm sede de justiça e de saber, porque, por intermédio dos espíritos, mensageiros da Vida


Imortal, eu lhes mostrarei que o mistério da morte é o mistério da vida e que atrás das cortinas dos túmulos medonhos se esconde a aurora gloriosa da Ressurreição dos Mortos!

Era pois, uma noite de alegria para todos. O receio, o terror, o medo, os arrepios assustadores não percorriam as espinhas de ninguém. Toda a assistência se mantinha calma, tranqüila, rindo e brincando com os espíritos sem que nisso houvesse absolutamente ofensa ou desrespeito.

Palminha entrou no recinto materializado, com a sua habitual saudação, alegre e ruidosa.
Foi em direção ao Márcio e começou a brincar com ele. Não podemos dizer ao certo o que sucedia com o Márcio, mas ouvíamos a algazarra que os dois faziam, pois que estava escuro. O Palminha no entanto parece que beliscava o Márcio, puxava-lhe o cabelo e lutava com ele. Ora o Márcio caía no chão agarrado ao Palminha, ora dava gritos estridentes como se o Palminha lhe estivesse fazendo cócegas.

Depois ó Palminha se aproximou de mim e me deu um tapa forte na cabeça sem me machucar. Agarrou-me pela mão com energia e tentou arrastar-me para o meio da sala, o que não conseguiu porque eu me agarrei à cadeira com o fim de brincar com ele, resistindo-Ihe. Como insistisse muito. levantei-me e fui com ele segurando-Ihe no pulso com uma das mãos, enquanto ele com a outra mão segurava por sua vez o meu pulso livre.

Pude sentir-lhe o físico e a estatura e posso afirmar que era bem diferente do Fábio. Sua voz, especialmente, era absolutamente diversa.
Brincamos, agarramo-nos, eu também lhe dei alguns tapas na cabeça. Finalmente, ele me conduziu no escuro e sem errar sentou-me exatamente no lugar em que eu estava e onde se encontrava minha cadeira-poltrona vazia.

Ao meu lado estava o Edgar, que devia ter uns doze anos. O Palminha começou a brincar com o Edgar. Em dado momento até, agarrou-o com ambas as mãos e elevou-o acima de sua cabeça, até quase o Edgar tocar o teto da sala. Verificamos isso pela gritaria que o Edgar fazia e porque o próprio Edgar gritava:
- Eu vou bater no teto, eu vou bater no teto!
O Edgar ria e sentia cócegas. O Palminha conduziu-o pela sala, "pintou" com ele.
O Edgar não se amedrontou e retribuiu a brincadeira, agarrando-o também com as mãos, etc. etc.

Após isso, o Palminha resolveu brincar comigo de novo. Já agora com brincadeira diferente.
Agarrou minha poltrona, que era uma dessas de fibra fabricada nas Neves. e arrastou comigo e tudo para o meio da sala.
Depois, colocando-se atrás de mim, empurrou minha poltrona em diversas direções, de maneira que eu ia "trombar" nas pessoas que estavam sentadas na sala, espremendo-as nas paredes sem contudo magoá-Ias.
Nessa hora, a algazarra era geral.
E assim o Pâlminha fez sucessivamente. Eu saí da cadeira
e ele colocou ora um ora outro assistente, realizando com todos a mesma brincadeira.

Em dado momento eu tive uma idéia e disse-Ihe:
- Palminha, eu desejava fazer uma experiência com você. Será que você não poderia ficar sentado na cadeira e eu o empurrarei?
Ele riu alto e aceitou:
- Pode sim.
Sentou-se na poltrona e eu comecei a empurrá-to em todas as direções. Notei que pesava mais ou menos como um homem normal.
Dirigi a poltrona em todas as direções reproduzindo o que ete fizera conosco.

Mas aconteceu o inesperado. Como estava escuro, eu perdia a noção de posição dentro da sala. Não sabia mais onde estavam as portas, os móveis etc. e foi nessa hora que o Palminha resolveu me fazer também um pedido:
- Ranieri, leve-me com cadeira e tudo para dentro da cabina.
Eu não sabia mais onde ficava a passagem para a cabina. E a cabina consistia apenas numa cortina que dividi e separava uma sala grande ao meio. Era a sala de jantar e uma copa ligadas por arco. A copa era a cabina e a sala o recinto para os assistente.
Encaminhei a poltrona com o Palminha, sentado numa direção, e atingi os assistentes; dirigi-me a outra, e tornei a atingir os assistentes, e assim sucessivamente. Já estava desanimado, quando o Palminha deu uma gargalhada e disse:
- Pode deixar que eu lhe mostro onde é o caminho. Dizendo isso, levantou-se da poltrona, tomou-a nas mãos e movimentou-a no ar, colocando-a com ruído no chão em determinada direção, diferente daquela em que estava. Depois, sentou-se e disse:
- Empurre que o caminho é esse.
De fato, eu empurrei a poltrona e fomos passando através da cortina, penetrando na cabina. Lá dentro estava o médium, gemendo baixinho.
Chegando lá, o Palminha, rindo ainda, tomou-me pela mão e veio colocar-me em meu lugar de novo.

Depois disso, muitos outros fenômenos notáveis se realizaram. Mas esse chega como um fato cheio de valor. E vamos, portanto, analisar o que há de interessante nele, segundo a nossa maneira de ver.

Desejamos ser leais, sinceros, para com os homens, por isso, descrevemos a mais absoluta realidade. Esse fenômeno, esses trabalhos com o Palminha se deram em completa escuridão. Não havia sequer a lâmpada vermelha. Analisemos, contudo, as condições de veracidade do fenômeno:

1o. - o Palminha realizou conosco bricadeiras de grande intimidade. Pegamos-lhe nas faces, nos cabelos, nos braços, nas pernas. Agarramo-Io enfim. Penso eu que mesmo no escuro, se fosse o "médium fingindo de espírito" nós o reconheceríamos. Posso afirmar no entanto que não era o rosto do Fábio, nem o seu cabelo ou os seus braços e mãos. As mãos principalmente eu as tive comigo muitas vezes. Se estivesse disfarçado nós teríamos arrancado os seus disfarces porque eu pelo menos agarrei muitas vezes os seus cabelos com violência e procurei arrancar-lhe o que encontrava da mesma maneira que ele estava me pegando. Nada todavia foi arrancado.

2o. - Dando-Ihe tapas e beliscões, . apertando-o inesperadamente, sem que ele também soubesse o que iríamos fazer, arrancamos-lhe gritos e gargalhadas "espontâneos". Seria impossível, "se ele fosse o médium fingindo de espírito", que pelo menos em um momento desses, quando atacado onde não esperava, não se denunciasse soltando uma exclamação, um grito, uma gargalhada "na voz natural do médium".

3o. - Quando me indicou o caminho, a mim que conhecendo a casa há cinco ou seis anos, estava perdido, certo, exato, que conduzia para a cabina e quando me trouxe de volta pela mão, deu-me a prova irrefutável de que enxergava no escuro como se fosse dia.

Esses são os argumentos que apresento. Outros mais atilados do que eu, aqui nesta mesma descrição, poderão encontrar outros argumentos ainda. Pelo que se viu, os espíritos em nosso tempo, desafiando o riso irônico da ciência humana, cada vez mais se misturam com os homens, dando-lhes provas incontestáveis da existência do mundo invisível. De que valerá aos homens negarem? Fato é fato. E esses fenômenos continuarão a realizar-se cada vez com mais intensidade. Futuramente "se realizarão nas praças públicas" e "os espíritos falarão ao povo das tribunas armadas pelas ruas".


Lembra-nos a visita íntima e estrepitosa do Palminha a visita suave de Jesus aos discípulos, quando pediu e comeu peixe com eles. Os espíritos demonstram-nos assim que, materializados, poderão apresentar-se como se fossem homens de verdade.

Quanta alegria não deve sentir a humanidade quando sucedem em nossa época fatos dessa natureza!

No entanto, nós sabemos que a maioria das religiões que afirmam e pregam a imortalidade da alma como princípio de sua doutrina, essas mesmas. religiões que deveriam receber de braços abertos, em triunfo, a Nova da Imortalidade, fecham-se em si mesmas ou combatem o Espiritismo. temerosas talvez de perderem o governo material do mundo.

Não investigam, não procuram compreender. Sufocam os seus adeptos nas garras da ignorância. Então para que afirmam elas que a alma é imortal? Seria melhor que riscassem de sua páginas essa proposição, porquanto no momento em que a alma humana, voltando das galerias da morte, aparece em todo o esplendor para provar que o que essas religiões preconizam é a verdade, elas se limitam a rir e a combater.

Isso também de nada valerá. Quanto mais tempo persistirem em negar, maior será a sua derrocada. No dia em que a humanidade em massa aceitar os fenômenos mediúnicos como verdadeiros, até o que essas religiões tiverem de bom será recusado. Os homens compreenderão durante quanto tempo foram enganados por aqueles que se dizendo representantes do Cristo não têm sido mais que representantes de si mesmos, dos seus interesses inferiores e das suas paixões.

Aí então haverá o ranger de dentes. Os negadores compreenderão também que durante milênios enganaram-se a si mesmos e que todo o ouro do mundo não bastará para compensar o seu sofrimento.

Lembrar-se-ão de Jesus quando disse aquelas palavras de fogo:
- "De que vale a um homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"
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